Artigo publicado em jornal local da cidade de Garopaba sobre nosso trabalho- Março 2018

A história de amor por Garopaba, a qual resultou em uma permanente exposição de arte ao ar livre exposta em um dos antigos casarões do centro histórico da cidade, foi contada pelo jornalista Thiago Pereira em belo artigo de jornal local.

Grata Thiago por ter conseguido transcrever em palavras, com tanta delicadeza, o core de tudo: meu bem querer sem fim por esta cidade!

____________________________________________________

Cultura

Exposição ao ar livre: Artista retrata pessoas ilustres de Garopaba em exposição permanente no Centro Histórico

Por Thiago Pereira 

 

Paulistana, moradora da Califórnia, apaixonada por Garopaba desde a infância, usa sua arte como forma de homenagear e preservar viva a história de pessoas importantes da pequena vila de pescadores, que se transformou no principal destino turístico do Sul do Brasil.

Uma inspiração que vem da fé. Assim se define o dom da artista plástica Thaís Helena Guidolin Miguel, que há quatro anos vem dedicando parte da sua vida aos trabalhos artísticos. Ligada às forças espirituais e com uma sensibilidade apurada, Thaís viu na natureza sua grande fomentadora de matérias primas para produzir suas obras.

Natural de São Paulo deixou o Brasil ainda jovem para constituir sua família na Califórnia, onde vive com o marido e os dois filhos. Lá, ao fazer suas caminhadas matinais por parques ou levar as crianças para a escola, se deparava com a beleza inigualável do outono Norte Americano com as folhas secas nas árvores e no chão. O cenário que mistura vermelho, laranja e dourado sempre encantou Thaís e a despertou para a arte. As flores das cerejeiras não poderiam ficar de fora e também ilustram algumas obras da artista.

Mais ao Sul, no penúltimo Estado brasileiro, na cidade de Garopaba, antiga vila de pescadores que se tornou um dos principais atrativos turísticos de Santa Catarina, Thaís também é inspirada por cada detalhe e paisagem. As pessoas da cidade, muitas que ela conhece desde criança, também a encantam. 

Seus pais, Daniel Miguel e Isabel Guidolin Miguel, foram um dos primeiros paulistas a descobrirem, na década de 70, o vilarejo. Não diferente da maioria daqueles que conhecem Garopaba, se apaixonaram pela primeira vez e muitas viagens de Karmanguia, carro da Volkswagem, típico da época, foram feitas com destino ao Litoral catarinense.

Ainda quando estudava direito, em São Paulo, Thaís fazia longas viagens de ônibus aos finais de semana, partindo da Capital Paulista até Garopaba. Todo esforço para passar um dia na cidade que a acolhia de braços abetos.

A nostalgia de momentos vividos no passado é presença na memória de Thaís que decidiu usar seu talento artístico como forma de homenagear os nativos da cidade. Fotos e poesia estampam azulejos que formam uma “exposição ao ar livre” num local mais que marcante para a cidade: A Praça XXI de Abril, no Centro Histórico, onde tudo começou.

As primeiras peças foram fixadas em uma antiga casa de pescadores, de propriedade das famílias Curi da Silva e Sopper. Textos e fotos ilustram a paixão da artista pela cidade e seu povo. “Há paixões, tórridas e fugazes, que vem com a mesma velocidade que se dissipam. Há paixões menos vorazes que, igualmente belas e intensas, estendem-se por um algumas luas mais. E há o amor, ahhh… o sublime amor, que, sem pedir licença, vem fazer morada em um quarteirão de seu coração e logo, com usucapião, toma-o por inteiro ali residindo no país todo por inteiro. Por inteiro e para sempre. Garopaba foi meu usucapião. Te amo, minha linda.” Texto poético escrito por Thaís.

Thaís desenvolveu a homenagem dos azulejos neste ano, em uma temporada de seis meses em Garopaba que se encerra no próximo dia 27, quando retorna com os filhos aos Estados Unidos. Ciente da importância de seu trabalho, que marca nas paredes de casas centenárias do Centro Histórico um trajeto de vida de pessoas importantes para a cidade, como seu Rubens, Lucas e tantos outros, a artista se realiza ao valorizar a cultura local e, ao mesmo tempo, expor seu trabalho. “Um pedaço de mim agora ficará para sempre entre todos vocês; entre você, minha linda Garopaba.” Descreve a artista que gostaria de retratar, nos próximos verões, mais nativos amigos que não foram incluídos desta feita.

Alguns dos personagens estampados nos azulejos estão presentes entre nós. Outros já partiram, deixando saudades para a família e amigos, mas, agora, com a arte de Thaís, estão cada vez mais presentes nas esquinas da cidade.

Diferente do trabalho feito em Garopaba, mas com semelhanças pelo aspecto inspirador, na Califórnia Thaís desenvolve obras no formato chamado de “Mixed Media” que mistura fotos, tinta, elementos naturais e detalhes digitais. Um dos trabalhos produzidos foi com a atriz Cléo Pires. Thaís enxergou em Cléo tudo que precisava para ilustrar uma mulher de personalidade forte, sensual e ao mesmo tempo misteriosa. O trabalho foi feito sobre uma foto de Daryan Dornelles. “A Cléo é uma menina linda que carrega dentro de si esta força visceral que me é familiar e propulsora de meus trabalhos. Um prazer retratá-la.” Relata Thaís em uma carta.    

Seu trabalho é exposto em galerias do Vale do Silício, Califórnia, e um deles, intitulado “Os mais belos frutos da Terra” faz parte do acervo de arte permanente da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. Algumas produções estão em exposição no ateliê montado ao lado da loja Flor de Vênus, na Avenida João Orestes de Araújo, nº 377, no Centro de Garopaba. O local foi gentilmente cedido pela amiga e proprietária Jane Moor Rodrigues. Trabalhos da artista gaúcha Luiza Reginatto também podem ser apreciados. Por fim, o trabalho histórico e sentimental de Thaís recebe amplo apoio da Associação do Centro de Histórico de Garopaba.